ENGRAÇADO
Engraçado como eu lembrei de você
Tão tarde já...
Sem testemunhas sem ouvintes
As garrafas acumulando
Saudade de que?
Engraçado como eu lembrei de você
Que corria pra mim sorrindo fácil
Era sinuosa naqueles trajes tentadores
Pra quem você corre agora?
Aprendi a beber por sua causa
Ouvindo a chuva de minha tristeza na cidade
Esnobando as chances que a vida quis me dar
Regurgitando a dor ...
Sendo a sombra...sendo a calha...sendo o destroço
Ficando onde ninguém mais queria ficar
Ninguém podia eu acho...
Engraçado como eu lembrei de você
Na minha caminhada entre túmulos
Na minha contemplação de lápides
Sabendo que ali era o fim
Ouvindo o vento cantar a dor em canções silvantes
ENGRAÇADO COMO EU LEMBREI DE VOCÊ
Enquanto descia cada vez mais a ladeira da vida
Enquanto sentia fome...
Aquela fome de que um dia você me falou
Olhando as facas sobre a bancada da obsessão
Eu cortava você sabia...EU CORTAVA...
E ficava a sangrar sem gritos noite afora
Engraçado como eu lembrei de você
Quando seu amor acabou sem aviso
Quando seus convites findaram sem alarde
Quando seu prazer feneceu...
E na terra em que eu cai de joelhos só imundície
E imundície gruda e puxa de volta já percebeu?
Sem lugares pra ir sem escolhas...sem amigos
Engraçado como eu lembrei de você
Quando derramei a ultima lagrima no caixão gelado
Quando entendi que o fim veio irremediável
Quando morri por dentro...
Morri junto a tantos outros
Nossas histórias a vagar neste mundo sem ouvidos pra ouvi-las
E eu sabia que estava perdido
Uma história nunca repetida é algo que nunca existiu
Engraçado como eu lembrei de você
E vi o dia nascer pela ultima vez la do alto
A vida ficou breve
A queda foi curta...
Lembrei de você antes de acabar...
ENGRAÇADO...