Adagio solitário
Quanta solidão podemos suportar,
antes de cairmos em delírios perdidos?
Sonhos escondidos em montanhas,
tesouros que não brilham mais.
Quanta dor podemos aguentar,
antes de desejarmos arrancar a alma?
Sentimentos engarrafados no mar,
coração corroído pela maresia.
Quantas portas precisamos abrir,
para que um grito silencioso seja ouvido?
Surdez coletiva na insensibilidade do mundo,
sombras de uma vida apagada.
Haveria algum milagre de amor?
Suplicarias pela salvação,
quando as pessoas cegam-se em egoísmo?
Haveria algum milagre de amor?
Desejarias sua continuidade,
quando as pessoas desistem com facilidade?
Quanta verdade podem aguentar ouvidos viciados,
que só querem respostas programadas?
Mentiras sinceras podem ser mais felizes,
no caos de honestidades preconceituosas.
Quanto ardor mantêm-se sufocado em vulcões,
aprisionado por medos sociais?
Julgamentos de hipócritas assumidos,
num teatro de torpes encenações.
Quantos pulos precisamos dar,
do alto de um prédio de 20 andares?
A vida continua independente das mortes,
enterradas nos cemitérios das vaidades.
Haveria algum milagre de amor?
Uma cura para infelizes casais,
quando a relação já naufragou?
Haveria algum milagre de amor?
Um perdão altruísta para erros humanos,
quando as exigências são sempre divinas?