Nietzsche Disse
Veja aquele inseto rastejante!
Que leva a vida a dissimular...
Digno de dó, segue em frente ofegante,
Aguardando o ensejo de enganar.
Acorda todos os dias bem cedo,
Mas, se cansa e rapidamente desiste.
Recomeça; não obstante a angústia e o medo;
Continua; cambaleante, desolado e triste.
Quando lhe sobrevém algum vestígio de alegria,
Logo passa, e então sucumbe com mais veemência.
O seu mundo é de aparências e fantasia,
Anda soturno; mas sorri da própria insciência.
E quando alguém vem com ele ter,
É despachado sem ressentimento;
Já nem sente medo de morrer,
Encara como paliativo o sofrimento.
É um verme inveterado,
A chafurdar pelas latrinas,
Acumula infortúnios, o pobre coitado;
Filho de mentes assassinas.
E quando morrer, poucos vão se lembrar,
Em nada contribuiu, excetuando a morbidez;
Muitos iguais a ele ainda estão a mourejar,
Ansiosos pelo féretro que envolverá sua sordidez.