Dia 10, sobre incertezas — Os 31 dias de escrita sobre nós (?)

A melancolia tomou conta do dia,

como um todo,

desde o abrir da porta

e o anunciar de mais um dia

que se iniciava lá fora.

O céu não sorriu,

o sol se escondeu e agora,

ao final, até a lua não apareceu.

Eram indícios do por vir?

Esse "ser no hoje" atormenta,

fazendo as borboletas se movimentarem

num frenesi tenso e doloroso.

São as possibilidades do rompimento

do cruzamento do teu olhar com o meu,

da troca de respiração, dos afetos.

Medo de perder essa potência toda.

Medo, medo, medo.

Minha mente agitada

tenta racionalizar as várias possibilidades.

A angústia toma conta

e eu só quero chorar,

me desmanchar,

sufocar isso,

mesmo sabendo

que uma hora ela desponta,

arrebatadoramente desestabilizadora.

E da janela do ônibus,

vejo as luzes e sombras se movimentando,

engolindo aqueles sorrisos bobos,

que fizeram bem.

O coração vai diminuindo,

logo ele, que só quis amar.

Eu quero te ter em meus braços,

quero repousar nos teus,

como um passarinho busca abrigo no seu ninho.

Te quero do meu lado,

quero fazer abrigo na tua morada.