Revira Volta

Quando acaba

a gente percebe

que perdeu

sente vontade

de não ser

o que é meu

cavo com a unha

um buraco na lápide

de cimento

e enterro o seu

que foi nosso

póstumo

amor

o peso da verdade

rasgou as alças da sacola

o lixo espatifou-se

na rua

o fedor chegou

no ouvido de todos

o tempo foi passando

eu ainda mais bobo

sem troco

hoje a coisa mudou

o nego

virou o jogo

o trouxa acordou

com gosto

de vingança nos lábios

carcomidos pelo veneno

de um lábio

que mente por ofício

e ainda se diz amigo

é ação e reação

Revira e Volta

com o seu

coração despedaçado

nas mãos

rasgado ao meio

por dentes afiados

sinto saudades

do que ainda virá

uma página em branco

para brindar novos atos

o fato

é que a derrota

me ensinou

a lutar

sem desistir

pelo que mais importa

a minha felicidade

sem meter bola nas costas

das pessoas que realmente

importam

minha família

que luta por mim

a melhor escola

é o fracasso

foi assim que aprendi

só perder expõe tudo de ruim

que existe em você

drumont elucidou a humanidade

me acometeu

o golpe fatal de liberdade

um soco abaixo

da linha de cintura

sou o que sou

e nada mais me pertence

aprendi mais uma lição

com o seu amor ausente

pense com a rola

pense com a vida

pense com fome

pense no desespero

raciocine com base no desejo

mas nunca

sob ipotese alguma

use do amor

como justificativa

para o fracasso

a podridão

que sobreviveu em mim

deixou a cara lavada

sem expressão

misturada com

mentira armada

acabo de enxergar

a crença me matou

fez ser quem sou

desmerecedor

de todo amor

e só me resta

agradecer ao senhor

pelo louvor

alcançado pela oração de ateu

sincera como o próprio cristo

que o homem inventou

e por nós morreu.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 20/08/2007
Reeditado em 20/08/2007
Código do texto: T615758