DECOMPOSIÇÃO
Caído sobre a relva espinhosa
Soprando a grama que atentamente
Escuta os meus gemidos
Eu me decomponho nessa tarde
Sobre minha cabeça cansada
Uma coroa de lembranças
Ferindo a memória que se apaga
Eu me decomponho nessa tarde
Não sou a brisa raivosa que bate
Contra os troncos firmes de árvores
Resistentes ao sol e às tempestades
Eu me decomponho nessa tarde
Serei terra junto com tantas terras
Serei nome a ser varrido da história
Serei os versos que deixei ao léu
Eu me decomponho nessa tarde
Meu caminhar foi pura peregrinação
Em busca da razão inexistente
Não sei o que me fez sorrir entre lágrimas
Apenas me decomponho nessa tarde
Ouvi uma voz urrando meu fim
E uma boca se formou no meio da trovoada
Para que a tarde possa me decompor
Apenas para cumprir o seu dever