DECOMPOSIÇÃO

Caído sobre a relva espinhosa

Soprando a grama que atentamente

Escuta os meus gemidos

Eu me decomponho nessa tarde

Sobre minha cabeça cansada

Uma coroa de lembranças

Ferindo a memória que se apaga

Eu me decomponho nessa tarde

Não sou a brisa raivosa que bate

Contra os troncos firmes de árvores

Resistentes ao sol e às tempestades

Eu me decomponho nessa tarde

Serei terra junto com tantas terras

Serei nome a ser varrido da história

Serei os versos que deixei ao léu

Eu me decomponho nessa tarde

Meu caminhar foi pura peregrinação

Em busca da razão inexistente

Não sei o que me fez sorrir entre lágrimas

Apenas me decomponho nessa tarde

Ouvi uma voz urrando meu fim

E uma boca se formou no meio da trovoada

Para que a tarde possa me decompor

Apenas para cumprir o seu dever

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 25/10/2017
Código do texto: T6152599
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