ALMA

Tu que foras um dia transparente,

Hoje sente que não enxergas nada,

No teu espelho embaçado,

Pelo vapor de tuas lágrima enquanto choras,

Os teus olhos são aróis sujos,

Torna tudo mais escuro,

Me atrapalha a visão;

Alma, de quem é a culpa?

Minha ou tua?

Por essa tão horrível solidão?

O que armazenas além de uma dor profunda,

que se fez ódio de tanto apanhar?

Alma minha, não grites,

Pois teu grito ensurdecedor

Está a ponto de deixar-me louca;

Alma, por que exprimes tanta mágoa?

Por que me banhas com essas lágrimas,

Amargas como fél?

Este teu ódio, é pior que um câncer,

Está a corroer meus sentidos,

tanto...tanto, que aclamo a morte,

A venero tanto, pra fugir da dor,

Já que todos, todo o amor que doei,

Se fez rebeldia depois de tantos maltratos;

Alma, cala-te,

Tem piedade desse corpo,

Eu imploro,

Não me faça mais sombria,

Não me torne tão só,

Que mesmo em meio a multidão,

Não veja ninguém;

Alma, insana,

Deixes de romper meus tecidos,

De enfraquecer meus ossos,

De confundir meu pensamento,

Porque tua dor é tão forte,

Que abala, meu corpo,

minha mente e meu espírito;

Só Deus sabe,

O quanto desejo findar com a vida,

Só pra não ter que ouvir teu grito ,

Tua dor é tão forte,

Que aclama a morte,

Que faz a vida renunciar a si mesma,

Para que descanses em paz;

Alma...alma.