Confissão
Eu menti quando disse que não sabia contar mentiras
Eu conto mentiras pra mim o tempo todo
Minto que não dói
Na espera de não doer
Minto que não vejo
Quando as previsões enxergam o óbvio
Menti sorrisos que dei
Quando quis chorar
Menti quando disse que não ia estar, mas sempre estive
Menti ser forte e paciente
E minto uma positividade bruta que me forço a acreditar para conseguir seguir adiante
Menti que preciso de ar
Eu sou a face das milhões de mentiras que conto a mim
Dos segredos não revelados
Das partes de mim que doei
Mas hoje só dói
Das frases que não falei
Dos amores que não declarei
Dos dias que não dormi
Sou a negação das verdades que me conto todos os dias
Me escondo nas horas frias
De madrugadas infinitas
Onde a vida é previsível e unica
E o silêncio me abraça
Moro em mim, em paredes frágeis e desgastadas
E conto mentiras sentada no telhado das minhas frustrações
No circo abstrato da vida
Eu sou o palhaço das emoções
O hiato se faz necessário
Fecho a porta
Tranco as janelas
Rasgo as páginas da lembrança e do diário.