Eu, labirinto
Engraçada essa vida que passa
Sem nunca de mim pedir nada em troca
Me oferece suas horas escassas
Vestida de morte, seduz, me provoca
A cada nascer do sol é despedida
Dessa vida que me deu de tudo e quase nada
Embriagou-me numa tristeza desmedida
Entre soluços de solidão desenfreada
Ah, a solidão, eterna e jovem
Incansável companhia dos meus dias
Seus longos braços frios me envolvem
E num triste bailar me cadencias
Cercado de tanta gente com pressa
Invento uma pressa também
Por perceber que só a mim interessa
O que parece não interessar a mais ninguém
Confuso e perdido num labirinto criado
Dentro de mim, velo as saídas
Tento vagar, em vão sou guiado
Pelas mesma palavras nunca proferidas.