CASTELO FRÁGIL
Há dias em que sofro sem saber
Como vencer as mais torturantes angústias...
Há dias em que minha dor
Ganha uma tonalidade mais soturna;
Os lacerações do meu coração
Evocam uma memória remota
Repleta de denúncias e revoltas...
Por quanto tempo esses sinais
De morte espreitarão o caminho
Sobre o qual busco com esmero trilhar,
Até que consiga encontrar um oásis
Para a minh' alma se consolar?
Não faço outra coisa senão
Lutar por dias melhores
Nas horas mais solitárias e taciturnas.
Os meus clamores se elevam
Enquanto meus olhos
Derramam doces prantos
Que fazem minha face resplandecer
Em profunda melancolia.
Sinto que os meus dias se encurtam devagar,
Pois poucos são os momentos
De alegria que tenho para passar
Com o amor da minha vida.
Apenas quero propagar ao seu lado
O verdadeiro sentido de viver
A brevidade de um doce sonho de amar.
''Estenda para mim sua mão, meu grande amor,
Para que triunfemos sobre essa tristeza!
Quero voltar a sorrir
Com a doçura de suas ternuras
E de suas belas aspirações de libertação!''
''Ajudem-me, ó meus irmãos de luta,
Em trilhar um caminho que aflore leveza!
Quem sabe volte a acreditar que um dia
Poderemos viver livres
Como nunca fomos outrora!''
Somos uma simples gota de água
Em meio a um oceano indevassável!
Somos simples mortais,
Seres vulneráveis a tantas fraquezas e misérias!
Frágeis, enfim, são os nossos caminhos,
Bem como os nossos sonhos mais íntimos!
Sonho apenas em olhar o horizonte
Sem quaisquer resquícios de máculas.
Quero apenas viver os meus instantes
Com a esperança de que a dor da morte
Possa ser enfrentada com coragem e integridade.
Almejo com veemência lírica e heroica
Restaurar as fissuras e os buracos
Espalhados nos meandros do meu ser.
Frágil é o meu castelo de sonhos e de desejos,
Mas nele se descortina
Uma perseverança que ainda o mantém erguido
E inflexível ante a presença
Do absurdo das grandes ameaças!