O lado esquerdo do pássaro
Quebrei meu bico tentando
Roer as grades da gaiola;
Depois as asas e por fim,
As patas e as unhas, em carne viva.
Não sou roedor, perdi as penas,
As asas tremem de tentar voar
Arrasto-me feito réptil
Depois de tanto céu azul.
Cantar? Ah... Quem dera...
No máximo um grunir de ave rota...
Volto-me subitamente!
Vejo o dono das grades morto,
Morto de medo, branco de susto;
A minha liberdade o matou,
A minha coragem sangra a sua alma.
Sou pássaro segredo,
Sem medo nem nada...
O tempo sarou as feridas
Nada mais sangrará,
Mas singrará de novo novos céus.