AO SOM DO VENTO

Barco desancorado, entardecido,
Matizado pelo sol quase poente,
Pescador solitário, envolvido,
Pela aragem reticente.

Pescador sonhador, alma em lume,
Necessidade de acreditar,
Na rede cheia, no milagre do cardume.

Mas, a realidade contrapõe, diz não,
Noite longa, rede vazia, sonhos vãos.

Barco amanhecido, perdido olhar,

Ar de questionamento,

O que dizer para os seus?
Por que tanto sofrimento, por que Deus?

Pescador sem respostas, sem diretriz,
Barco ido ao som do vento,
Impossibilidade de ser feliz.

Não, não vai voltar, não tem coragem,
De pisar na areia, outra vez, sem nada,
Então, fecha os olhos, estende a roupagem,
...E se entrega às ondas da tolha azulada,