HOJE EU NEM EXISTO
Hoje eu nem existo.
Jogo essa bomba no ar como quem empina pipas no verão.
Hoje eu nem existo.
Não sou silencio, transcendência,
amor, paixão
ódio, raiva
emoção.
Não sou nada.
Hoje eu nem existo.
Tenho carne, tenho osso
tenho tripas e desgostos.
Hoje eu nem existo.
Senti falta de jogar essa bomba ao ar,
há tempos não esbravejava pro mundo
HOJE EU NEM EXISTO.
Não me procure, não estou em casa
nem na faculdade.
Não estou pedindo esmola
nem fazendo caridade.
Hoje eu nem existo.
Nem tristeza hoje eu sou,
por quê hoje eu nem existo.
Preciso repetir isso como quem reza o rosário.
Preciso esbravejar isso como quem perde um braço ou uma perda.
Hoje eu não existo.
Hoje grito a minha inexistência para que alguém, no céu, na terra ou no inferno
Escute minha voz e perceba que de fato eu estou aqui.
Gritando a minha inexistência.
Hoje eu deixei de existir.
Hoje eu morri.
Amanhã, quem sabe, atrelado a aurora da manhã
hei de renascer.
E não mais perecer nesse sertão sofrido que zumbi aos meus ouvindo que nem hoje eu existo.