HIROSHIMA

Os homens vão à guerra

E nunca mais voltam.

Os homens choram sozinhos

E nunca esquecerão…

os horrores!

os clamores!

a destruição!

Vejam só

Um clarão

Depois da colina

No horizonte:

É Hiroshima!

Meu tio mora lá!

Meu amigo também!

Sumiram…

Suas partidas

Não explicadas

Desmancham-se

Num vazio.

Não há corpos

Para os velórios.

Não há.

Não há.

Nada.

É como se

Tivessem saído de casa

Numa manhã

E desaparecido.

Não existem

Rastros do crime.

Foram apagados.

E não sobraram nem

Os escombros.

Secos e mudos estamos.

Entre a paralisia

E os assombros.

Que eco

É esse

Que escuto

No ar?

Sopra forte,

Desesperado,

Um nome…

É Hiroshima!

Os americanos

Invisíveis

E seus “little boys”

Os americanos

Imprevisíveis

E seus “fearful toys”

Ensinaram-nos

O sentido da palavra

Terrorismo.

Cínicos,

E ainda dizem

Combater o fascismo!

Os homens vão à guerra

E nunca mais voltam.

Ou mesmo esperam as notícias,

Atentos ao rádio.

As notícias nunca chegaram.

Os rádios emudeceram.

A bomba veio antes

E os levou.

Eles, que nunca foram soldados…

Eles, que estavam desarmados...

Não há lamento.

Não há fantasmas.

Há uma angústia...

É Hiroshima!

E, em breve, Nagasaki…

07/08/2017

Um dia após o aniversário da bomba de Hiroshima