A GENTE SE ACOSTUMA
Por não ter o ar puro
A gente se acostuma
A respirar o oxigênio sujo
De fumaça de óleo díesel
E por estar cansado
Com o sono atrasado
E os sonhos nublados
A gente se acostuma
A cochilar no ônibus
Enquanto vai a labuta
E não vemos o espetáculo
Do nascer do sol
E por não ter boas novas
A gente se acostuma
A ver todos os dias
Inúmeras notícias tristes
No Jornal Nacional
É pau, é pedra, é roubalheira
É corrupção de norte a sul
É bala certeira no peito
Coração ferido, almas estilhaçadas
É o fim do caminho
Então a gente se acostuma
A fechar as janelas, as cortinas
E abrir o Windows
Dá várias curtidas no face book
E para não ter muito que explicar
A gente se engana dizendo:
Está tudo bem!