A GENTE SE ACOSTUMA

Por não ter o ar puro

A gente se acostuma

A respirar o oxigênio sujo

De fumaça de óleo díesel

E por estar cansado

Com o sono atrasado

E os sonhos nublados

A gente se acostuma

A cochilar no ônibus

Enquanto vai a labuta

E não vemos o espetáculo

Do nascer do sol

E por não ter boas novas

A gente se acostuma

A ver todos os dias

Inúmeras notícias tristes

No Jornal Nacional

É pau, é pedra, é roubalheira

É corrupção de norte a sul

É bala certeira no peito

Coração ferido, almas estilhaçadas

É o fim do caminho

Então a gente se acostuma

A fechar as janelas, as cortinas

E abrir o Windows

Dá várias curtidas no face book

E para não ter muito que explicar

A gente se engana dizendo:

Está tudo bem!

Jô Pessanha
Enviado por Jô Pessanha em 05/08/2017
Reeditado em 21/05/2019
Código do texto: T6074762
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