SANIDADE DE UM CADÁVER EM MEIO AOS FANTASMAS
O cheiro de suor e cerveja choca se transforma no perfume da noite. A vertigem causada pela neblina de fumaça e outros sabores. Em certos momentos penso que queria estar em qualquer lugar, menos ali, onde pareço um cadáver em meio a fantasmas. O som dos pratos sendo atacados por um baterista que não consegue manter o ritmo. Meu coração quase parando. E toda vez que alguém me olha temo que esteja julgando meus pecados, me condenando ao inferno. A fila do bar reabastece a esperança de que algo ainda pode dar certo antes que a noite termine com o apagar das luzes, sendo varrido como lixo para ferver no sol. Na boca o sabor da bebida ainda fresco causa ânsia. E quando foi que o futuro se transformou numa ameaça? No instante em que o presente se tornou seguro? Temo pela minha sanidade. Temo pelo conforto de perfume sintético, pelas plantas de plástico na mesa, pela falta de inveja e pela ganância , pela cobiça. Temo pelo dia que vou te olhar e tudo que vou enxergar vai ser as etiquetas das suas roupas de marca.
28/07/2017
12h54m