Sem Razão.

Ontem, depois da chuva

Outra vez algo constante

Presente em pensamentos

Sem palavras, sem versos,

Sem traves, graves incidentes,

Sem pauta e sem clave de sol

Duram sempre

Pouco menos que momento

Constantemente cortantes

E que demoram muito a passar

Meus olhos, não sei dizer se choram

Sei que o coração sempre se abate

Timidamente, um tanto pálido

Palidamente lívido

A noite passa

Hoje, bem antes do Sol

Respiro o nevoeiro

A cada dia mais sólido

A graça dos raios

Sutilmente coloridos

Despontando no horizonte

Ausentes aos olhos

de quem busca somente nos sentidos

A causa e a razão para vê-los

Eu penso e relembro

A imagem de olhos, cabelos, palavras

Penso no nada

Existente no lugar deserto

Que fica exatamente

Na linha imaginária

Que demarca o limite Longe-Perto

Um lugar que fica

Entre o Mar e o Deserto

Existentes

Nos nossos corações humanos

Agora, antes da tarde

Compreendo o ponto tardio

Uma certa visão

Que em outra versão

Ou época qualquer

Causaria arrepios

Mas agora são tão poucas

deslocadas, sem foco ou razão

Que quase nada me causam

Além da costumeira tristeza

Última certeza que restou na vida.

Edson Ricardo Paiva