Noites de Depressão
Tô passando pelos momentos em que eu odeio viver
Minha respiração profunda cega o meu ver
Cada lágrima me afunda num oceano à ceder
Meus demônios tão me atacando e eu não tenho sal grosso
Só a poesia me da a mão mas não me tira do fosso
Só me ajudariam cortando o meu pescoço
Mas todas as facas tão cegas
Matando anjos às cegas
Confronto as minhas tréguas
E o que seria pior ?
Deixar de caminhar ou ignorar o suor ?
Sei minha vida de cór
De tanto que refleti
O espelho não me aguenta
De novo o ódio me alimenta
Versos são minha excreção
Loucura minha descrição
Nos paralelos da minha divisão
Nos limites da minha dicção
Não posso deixar a loucura me dominar
No silêncio do infinito eu não quero me escutar
As vozes só gritam e eu não quero escutar
Eu desisti de falar
Quando percebi que ninguém queria me escutar
As metáforas que me compõem
Só são um reflexo do que me decompõem
As ideias reversas só se contrapõem
Ignorando as inércias
Translações tão perveras
Sozinho e tendo conversas
Com a ciência e os deuses
Questionando o que significam todos seres
Sabendo de todos os meus deveres
E ignorando-os também
Uma oração sem amém
Fecundação sem sêmen
Dando luz à abortos
Nadando em aeroportos
O pessimismo decola
A beleza não mais decora
Sendo interno pela parte de fora
Vendo Saturno e a Caixa de Pandora
Anestesio meus medos
Expondo e ocultando segredos
E sugando informações de vira-latas e cérberos