Noites de Depressão

Tô passando pelos momentos em que eu odeio viver

Minha respiração profunda cega o meu ver

Cada lágrima me afunda num oceano à ceder

Meus demônios tão me atacando e eu não tenho sal grosso

Só a poesia me da a mão mas não me tira do fosso

Só me ajudariam cortando o meu pescoço

Mas todas as facas tão cegas

Matando anjos às cegas

Confronto as minhas tréguas

E o que seria pior ?

Deixar de caminhar ou ignorar o suor ?

Sei minha vida de cór

De tanto que refleti

O espelho não me aguenta

De novo o ódio me alimenta

Versos são minha excreção

Loucura minha descrição

Nos paralelos da minha divisão

Nos limites da minha dicção

Não posso deixar a loucura me dominar

No silêncio do infinito eu não quero me escutar

As vozes só gritam e eu não quero escutar

Eu desisti de falar

Quando percebi que ninguém queria me escutar

As metáforas que me compõem

Só são um reflexo do que me decompõem

As ideias reversas só se contrapõem

Ignorando as inércias

Translações tão perveras

Sozinho e tendo conversas

Com a ciência e os deuses

Questionando o que significam todos seres

Sabendo de todos os meus deveres

E ignorando-os também

Uma oração sem amém

Fecundação sem sêmen

Dando luz à abortos

Nadando em aeroportos

O pessimismo decola

A beleza não mais decora

Sendo interno pela parte de fora

Vendo Saturno e a Caixa de Pandora

Anestesio meus medos

Expondo e ocultando segredos

E sugando informações de vira-latas e cérberos

Gabriel DNS
Enviado por Gabriel DNS em 24/06/2017
Reeditado em 28/07/2017
Código do texto: T6036539
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