ASCENT
ASCENT
O bater do coração interrompe o silêncio
E notas frias são tocadas pausadamente.
Mãos cansadas se aquecem no fogareiro,
Olhos sobrecarregados pelo cruel destino.
Na janela há camadas e camadas de dor,
A porta trancafiada é sinal da vil solidão.
O piano toca a mesma assombrosa canção
E o pouco ar avisa que a hora estar porvir.
Essa alma que aqui escreve irá para além,
Esse corpo que se despede partirá também.
Nesta derradeira hora o tempo é um amigo
Que lentamente assiste comigo a colisão.
Um que voltará para o pó onde foi criado,
Outro tomará caminhos que desconheço.
Restará um pouco de fogo e o velho piano,
Uma janela embaçada, uma porta trancada.
Paulo Victor