poema
o poema se dá entre a garganta e o inferno,
lateja, machuca, fura, esmaga o que era
familiar, é um parto de um estranho tempo,
tem poema que traz um gole do apocalipse, que já
mata antes de nascer, que ja fere antes
de ser, é o poema que ninguém quer ler,
filho do tédio e da infelicidade, poema
que não foi gestado, mas colapsado nos
confins das eras, poema bruto, escuro,
sem asas, ou lirismos colegiais, poema soturno
filho de saturno, pústula que explode em
face de mundo, poema que nada esconde,
o contrario, revela o furto dos homens