Mais um Soneto da Dor
Hoje, como todos os dias, eu senti dor.
Hoje, como todos os dias, nenhuma lágrima se derramou.
Hoje, como todos os dias, senti falta e nostalgia.
Hoje, como todos os dias, não senti mais amor.
Mesmo com lágrimas preenchendo meus olhos
Nenhuma gota molhou meu rosto.
Profundo, não?!
Tenho a audácia de dizer que não
Afinal, é só uma dor.
Apenas mais uma entre tantas outras.
É minha, sim, mas continua sendo apenas mais uma dor.
Incomum e absurda, mas uma dor.
Logo eu, que tanto chorei
Que tanto sofri
Continuo a sofrer
E a chorar dentro de mim.
Um dia minha dor foi placebo
Genérica e forjada.
Mas hoje ela é tão real
Quanto o vento que não se vê, mas sente
E os pássaros que voam no céu, exalando explendor e liberdade.
Mas, no momento, estou preso.
Há tempos não escrevia dessa forma,
Há alguns dia profetizei que nunca mais escreveria,
Mas é o combustível da minha alma.
Sem escrever, volto a dizer, eu morro.
Dentro de mim tem essa dor
Esse clamor, esse pedido por socorro.
Há tempos pensei em suicídio.
Hoje, não mais.
Eu até queria que essa lágrimas caíssem
Mas o tubo que leva lágrimas aos meus olhos, quebrou, foi violado.
Minhas lágrimas caem, jorram para dentro de mim, apenas.
E não há nada que eu possa fazer
Talvez, sim, haja uma coisa.
Uma pequena, que me parece tão grande, coisa.
Mas será que consigo o fazer?
Essa questão ecoa dentro de mim.
Mas... Mas... Mas....
São tantos mas, poréns, e porquês.
Que não sei ao certo o que dizer
Sobre essa dor que só sabe me corroer.