Eu não consigo mais
Eis aqui uma realidade sólida:
Eu não sei de mais nada, nunca soube.
Estou perdido e não sei mais diferenciar nada.
Estou cansado de tudo e todos!
Dentro de mim existe uma tempestade
De ira, vergonha, angústia, desgosto
Que está me destruindo em uma catástrofe apocalíptica.
Estou sendo despedaçado e rasgado ao meio
E dói tanto essa sensação de vazio,
De esquecimento, que tudo o que eu queria
Era poder chorar, mas
Meus olhos estão secos e cegos,
Pois não consigo mais ver esperança,
Não consigo, por mais que eu tente
Ver o bom de se viver, não consigo
Compreender o mecanismo da felicidade.
Em mim, eu não existo mais
E os amigos que eu tenho não sanam esse mal;
O amor que eu recebo é bloqueado
Antes que me preencha,
Ou devorado pelo meu vazio existencial.
Por tantas e tantas vezes as pessoas
Me mostraram de forma singela ou cruel
O quão pouco eu valho,
O nada que eu significo em suas vidas.
Tudo o que me dão são palavras vazias,
Mas o que eu queria era ação
E eu já não suporto mais me diminuir,
Me sacrificar e me ignorar
Para que sejam felizes os ícones da minha infelicidade,
Pois de nada serve que me vejam como uma boa pessoa,
Como uma pessoa sábia,
Que me agradeçam, ou digam que me amam,
Quando, na verdade, eu não sinto esse amor.
Quando, na verdade, eu sou apenas um instrumento
Usado e descartado.
Eu preciso desaparecer, preciso de um reboot,
Pois eu não consigo mais ser quem sou,
Viver a vida que tenho!
Não consigo mais...