Soneto da Dor
Eu tenho doído muito.
Eu tenho doído todos os dias,
Segunda, Terça, Quarta
Quinta, Sexta e Sábado.
No Domingo, onde eu deveria ter descanso,
É o dia em que mais doou.
Minha dor é a dor de quem perde um dedo,
De quem leva uma faca no coração.
Minha dor é a dor de quem leva uma pancada com madeira nas costas.
Eu tenho doído todos os dias
E ainda assim estou vivo,
Sobrevivendo.
Eu tenho doído
E é só que sei fazer ultimamente
Doer, doer e doer.
Eu tenho doído todos os 31 dias do mês
Todos os 12 meses do ano.
Eu tenho doído no verão, na primavera
No outono e no inverno.
Eu tenho doído de uma dor tão grande
Que meus pés não conseguem mais me sustentar.
Eu tenho doído sempre,
Mas toda essa dor, um dia, há de acabar.