A Corrida
Um gesto antigo
que faz molhar o rosto
e inchar os olhos
quando você percebe
que ama incondicionalmente um menino que nunca abraçou,
e que não sabe como voltar a ser feliz;
e quando você percebe
que não consegue ficar muito tempo sem chorar
e que a tristeza nasceu com você
apesar de todos culparem as circunstâncias,
ela nasceu com você.
E você percebe também
que aquela fase chegou novamente
e que você vive dias felizes em uma vida triste
e você, por um momento,
não quer mais viver.
E você tem um caderno
cheio de suas poesia favoritas
todas escritas por amantes tristes
assim como você;
e todas são perfeitas,
e seus versos são vazios.
E sua mãe
tem medo de você se matar,
e você continua amando aquele menino,
e sua vida continua sem sentido,
e você continua fazendo coisas erradas,
e você nunca irá se perdoar,
e não há para onde fugir,
Pasárgada está inalcançável
e seu namorado também.
E ninguém mais acredita em você,
nem você acredita.
E surge o medo do futuro,
e você não quer chegar lá,
mas não pode ir pra nenhum outro lugar.
E suas lágrimas fazem a cabeça doer,
e sua melhor amiga tenta te acalmar,
e você ainda tem responsabilidades,
mas só consegue desejar o abraço
ou pensar no futuro triste
que certamente chegará.
E você deseja não ser assim
e deseja ter outra vida
e percebe que se odeia
e que tem medo de si mesma
e medo da própria vida,
e quando seu coração soa o alarme
você tem medo de surtar
porque tem medo de sentir medo
e sabe que isso não acabará,
e mais uma vez
você não quer mais viver
e lembra
que não tem pra onde correr.