Elétrons

É negativa essa carga,

É gole de carqueja amarga...

Dissabor.

Sinal de subtração,

Altissonante: Não!

Gesto com o indicador.

Como flores no próprio caixão,

Toalhas no chão...

São jogadas.

Mágoas tem mais fôlego que tubarão,

Não poderão...

Ser simplesmente afogadas.

Com um sorriso mofado,

Interpreto esse fado...

Sofrido tal represália.

Matei-me por defesa legítima,

Eis a parte mais íntima...

Que minha genitália.

Malditas moscas imundas,

Um monte delas circunda...

Minha cara.

Meus olhos estão tão céticos,

Encharcaram o solo desértico...

Do Saara.

Interpreto esse blues,

À luz... Do corvo que grasna.

Solto um baita palavrão,

Pra ver se com eles vão...

Os meus fantasmas.

Sabe aquele meu sonho doce?

Tivemos de comer com recheio e tudo.

Se do contrário fosse,

Estaríamos famintos além de mudos.

Interpreto esse choro,

No mesmo tom do agouro...

Noturno, dos cães.

Mais um dia abortado,

Num porvir desbotado...

Como as minhas cãs.

ImpOOne

“Eu quero passar com minha dor...”,

Com licença, por favor...

Ou então será por cima.

Com pé esquerdo vai Saci-Pererê,

Pois a “deprê”...

Depressa se aproxima.

Mau-humorado tal seu Lunga,

Bem-te-vi resmunga...

“Que o mundo se exploda!”.

Ardido igual Pirassununga,

Incomodado com a sunga...

“P”, na bunda gorda.

Chega! Serei o bobo-alegre,

Que o diabo te carregue...

Carga negativa, eu não!

Tomo doses de conhaque,

Já que não existe SAC...

Pra essa reclamação.

Na vida,

Há insatisfação garantida...

Sem dinheiro de volta, porquês?

Pergunte ao coveiro,

Se os últimos serão os primeiros...

A esperança já é morta tal Inês.