Tenho joelhos frágeis,
Não me ajoelho.
Minhas mãos estão gastas
E meus olhos, secos.
Foram-se as curvas do caminho,
A vida tornou-se uma reta interminável.
Os sonhos se perdem no espaço,
Coitada da minha aorta...
É faca, foice,
Bisturi,
O último que ri.
São vorazes os ursos do paraíso,
Presas afiadas, pedras colocadas
Entre a mentira e a verdade.
Nada é verdade
Além da minha face avermelhada,
Luto nos olhos,
Vergonha na cara.
A tristeza remete à poesia,
A rara ciência do desconhecido,
O viver, mesmo sem valer a pena,
Apenas por ter vivido.