Faz-me morrer
Faz-me morrer o sentimento
Na gentileza de cada instante
Como se tirando do ar o vento
Uma impossibilidade constante
Faz-me morrer o desejo
Nos olhares repletos de amor
Como por entre eles o enseio
Afogando a superfície da flor
Faz-me morrer o querer bem
No pensamento circundo de si mesmo
Como um suicídio que não convem
Ao outro hemisfério sem apreço
Faz-me morrer a bondade
Na paz da alma inquieta
Que não traz mentira nem verdade
Apenas simplesmente se entrega
Faz-me morrer a ventura
No sorriso em que se perde
A noção de tamanha amargura
Que até mesmo ela desvanece
Faz-me morrer dia a dia
No teu sorriso, no teu cheiro...
Em tudo teu que em mim adias
Em todos os espelhos em que me vejo.