HORIZONTE PERDIDO
Perdoai-me a franqueza
A dureza de não ser brando
O que vejo ofende a natureza
Em golpes de fogo queimando
Nesse país à beira do óbito
Sem soldados e sem comando
Quase perdido e perambulando
Sigo uma jornada sem céu
Réu também nessa tristeza
Que apodrece rostos sem véu
Queria não ter de olhar-vos
Passar por vós na doce brisa
Ausentar-me dessa maldade
Correr para a vida interrompida
Sei que estou na contramão
De uma criação desmerecida
Lanço-me na imensidão do poço
Num vazio sem contestação
Sou um pedaço de incerteza
Que busca abrigo em outra mão