Moedas à fonte
Descestes a cortina de nossa peça,
não houve um final para declamar,
sem aplausos na coxia,
sem champanhes para brindar,
virastes as costas à cada dueto,
agora não precisas mais voltar,
deixe-me em minha triste tempestade,
não quero mais seu guarda-chuva,
esqueça cada palavra que derramei,
cada lágrima dispensada ao vento,
feche as portas da sua vida,
minhas janelas cerraram-se para ti,
nada cura um coração partido,
muito menos uma alma incinerada,
me esqueça completamente,
me deixe na sarjeta da melancolia,
nada é fácil nessa existência de tolas ilusões,
perdi-as todas como moedas lançadas à fonte,
deixe-me agora ser um andarilho sem memórias,
um estranho sem rosto nas sombras da cidade,
depois que o sol partir serei apenas poeira,
viva sua alegria, sua paixão, sua energia,
seja feliz sem mim, por favor,
não me deves nada,
não te quero ao meu lado,
sou assim esse lobo montanhês,
desafinando meus próprios uivos...