Dentes Rotos
os seus dentes estão rotos
e pelo chão os pregos perfuram
as solas e os solos manchados
por aquele doce vinho do porto
esconda,
o seu pequeno delito
amanhã nós partiremos
mas não me odeie por isso
pois sempre haverá sangue
pelas mesas dessa terra torta
então diga aos seus avós
que você sempre foi um bom neto
mas não diga a mais ninguém
que agora tanto faz a chuva cair
nesses parcos meses de inverno
pois você é assimétrico
um garoto esquecido no lixo
e ninguém mais quer saber
se amanhã o seu coração
ainda será capaz de sentir
completamente ignorado
você não foi capaz de escapar
e as cartas que agora chegam
caem sobre o meu tapete desbotado
esquecido
e o telefone não toca
a faca de cozinha não corta
e para aumentar a sua tristeza
você nunca está alto o suficiente
mas não quebre os seus deuses
pois eu sei que há sempre redenção
para os que aprisionam vaga-lumes
dentro de velhos potes de maionese
não me desaponte desta vez.