Radioativo
Eu escrevo meus tormentos,
na poesia solitária da melancolia,
à meia luz de uma fogueira,
olhando para um céu sem estrelas,
sabendo que não haverá um horizonte,
que tudo terminará ao nascer do sol...
Andarilho de tantas cidades,
cruzei países, histórias e tempestades,
buscando um reinício em cada estrada,
mas me perdi sem bússolas ou mapas,
meus pesadelos me acordaram,
vi minhas sombras me caçando...
Tuas marcas em minha pele ainda ardem,
sua voz em meus ouvidos ainda habitam minha alma,
delírios de um condenado à uma vida de vazios,
corações enterrados no final de um vale,
suspiros alquebrados na frieza do esquecimento,
e logo só haverá as cinzas do pó da eternidade...
Caí do céu para uma prisão de infernos,
fugitivo para um purgatório labiríntico,
entorpeci-me de loucura e ilusões,
incinerando meu interior à cada respiração,
venho minhas asas arrancadas pela violência da realidade,
agora apenas aguardo o retorno para o solo radioativo...