OPUS 95
Meu amor.., é o suícidio
Nosso amor um histórico prejuízo
Dois corações sem desafio
Sofremos a dor do espírito
Num parlar de um sentimento esquisito
Não haverá em nós mais dias.
Essa é a nossa morte
Sem sexo cumplicidade ou sorte
Parece um péssimo trote
Que o destino nos roube
É o anjo do Inferno que ti trouxe
Num duelo de inimigos gangsters
Ser morto aos vinte anos é cântico...
Nas tuas lágrimas doce suícidio
De seres humanos num mundo líquido
Essa é nossa carreira de animais aflitos
Pode parecer coisa de ridículo
Más o teu beijar foi mortífero
Eu vou ainda em ti inspirar desejos operisticos.
Tu me feris-te com facada
Da lâmina de uma gentil fada
Banhada no mel vírgem cálida
Minha assassina por mim amada
Por tantas poesias de uma sarcástica
Tu me matas-te e por sangue maltrata
Soube que ser Ângela estrela Dalva
No meu morrer de Éden em ti rosas...
Num mundo de eterno inverno
Será somente tua face em mim belo
Não existe mais longe ou céu
Sou um pecador e pobre réu
Onde mora o azul de deuses
Donde se rebaixa bêbado Zeus
Num primar de um breve adeus
Em mil abraços dos seus
Só áh um justo com autoridade e é Deus.
Morte é corte nos pulsos uma tristeza
Morte de trevas um conto alumia a ela acesa
Doravante não se completa inteireza
Pois nos olhos de rudeza cabreira
No existir vermelha e assombrosa caveira
No convento da sábia abadesa
Num bolo de gostosa cereija
De noviças princesas
A morte da epopéia de lendas feias
Só uma mulher branca é Judia eleita...
Suícidio não frui poesia
Morte é afogar-se em um mar de sofisma
Ó como rimar causa tantas e gozosa alegria
Porquanto sem nenhuma é teimosa rebeldia
Em garota enamorada em carícia
Pois as letras são um sonho de menina
Num embalo de morte da rainha
Vamos meu anjo não cometa suicídio
Tirar a própria vida é zombaria uma covardia
Moça da Inglaterra Portugal de raparigas
Moça portuguesa da galistica francesa nívia
Tua morte é uma maldição alquimista.
Eu já tentei muitas vezes o suícidio
Me faltou loucura do impulso balístico
Não o amor não pode ser em nós varrido
Sou um rapaz mestiço de mestiço
Maltrata tanto o demônio dos malditos
Somos esperanças de tais sonços
Faz frio neste bosque perto do porto
Entenda que nascemos todos vazio
Somente Lúcifer foi vadio
E com ele num poema azul de mortos
Desistir do amor nos torna sem lírios...
Tua vida minha poética do amor
Nos lábios teus em si fiou
Nas tuas mãos de trevas cuidou
Pois veio a gnose e ela no umbral suícidou
É a alma de Buda numa primavera por ti sonhou
Acorda Helena os sonhos de mim lembrou
Saia e venha numa dança o mundo já andou
E o suícidio nos séculos num adeus virou
Esse frio nos pulsos meus à ti eternizou.