Sou seu poema mudo.
Sou poema mudo;
trancado em dobradiças alheias.
Estou no passado;
em reforma de casa velha.
Estou nas esquinas,
de cada pensamento mofado,
deixado para trás.
Entre cada pedido,
soa o meu nome como maldito...
Mas e se você pensa?!
E se cada pilar tem meu nome?!
E em cada parede minha foto?!
Como você sustenta sua casa?
Mas e se você sonha?!
E se o pesadelo vive acordado?!
Como engana seu passado?!
Como mantém seu viver?
E se pensa o tanto quanto sonha.
Se acompanha meus versos, mas não diz.
Se não diz, guarda teu canto que chora.
Chora pra si, manda embora...
Se toda a vida fez enganar.
E se é tempo de correr, esconde.
Que a tempestade vem assoprar.
O canto que grita, destoa.
Aquela surdez que faz repensar:
Eis aqui, a beira do cai(o)s!