Eis-me aqui
Eis-me aqui;
Sozinho
Sentado sobre meu orgulho despedaçado.
Humilhado,
Usado, por mim e por todos à minha volta.
Eis-me aqui;
Sofrendo
Calado.
Obrigando-me a ser forte
Para não magoar ninguém,
Para não me magoar mais do que já estou.
Eis-me aqui;
E eu sou tão comum,
Frágil,
Inconstante,
Difícil de aceitar, eu sei.
Eis-me aqui;
Tentando manter a cabeça acima das ondas,
Levado e arrastado,
Jogado de um lado para o outro
Agarrando-me ao vento,
Morrendo devagar.
Eis-me aqui;
Odiando o mundo inteiro,
Odiando a mim mesmo,
Odiando você
E odiando isso.
Eis-me aqui;
Nu,
Aberto,
Exposto,
Invisível,
Desinteressante,
Sem importância.
Eis-me aqui;
A minha pele
Marcada e rasgada
De mim, tirada
Como o fôlego que me roubaste,
O qual jamais recuperei.
Eis-me aqui;
Dor,
Uma dor que não dói
Mas maltrata, mutila.
Uma dor que enegrece como fogo
O que resta do meu coração.
Eis-me aqui;
Torturado,
E já insensível ao meu próprio sofrimento
Acreditando, eu
Que mereço essa dor,
Que mereço esta morte,
Que não mereço qualquer amor.
Eis-me aqui;
E sou apenas eu
Retornando para os restos de mim mesmo.
Retirando-me da equação.
Escondendo-me debaixo da terra,
No fundo do mar,
No vazio e na escuridão.
Eis-me aqui;
Incompleto,
Indecente,
Oco,
Doente.
Eis-me aqui;
E eis que não mais estou aqui!