OUTRORA
Quando caminho e ninguém pode acompanhar meus passos
Eles vão numa direção, numa trajetória que não escolhi, apenas sou projetado adiante.
Vou pensando em você, então sinto uma paz de imensidão assim.
A vida passa perpendicular ao um universo translúcido e triste
Por que o conheci no íntimo e o amei no mais secreto do meu ser
E tantas vezes eu errei para proteger-te
Toquei nos seus pés e os preparei para caminhar
Seus passos se tornaram largos para eu acompanhar
Ainda ando apressado na multidão em busca de você
Para tocar na sua mão, segura-las por fim.
Só me restam silhuetas e semelhanças que me deixam atônito na via
O sol queima meu rosto e o vento impetuoso da vida assola
Como erosão em uma parede de calcário meu interior vai se corroendo
Síndrome de ausência aguda, contumaz e atroz.
Mais o meu gesto preferido é quanto abro os braços na direção do mar
As lembranças saem de mim como ondas engolindo o horizonte
As gaivotas voam no espelho d’agua deslizando suavemente e não, não há pouso.
Então percebo que a mais simples das nossas trivialidades que desfrutamos
Por horas denominadas lembranças, transformaram-se em poesias.
São como diamantes raros que brotam das minhas entranhas
E eu os vou achando a cada manhã as cultivando e se materializam no papel.
Como num movimento de rotação os meus pensamentos voltam ao princípio
Sinto que o universo ficou diminuto e opaco
Meus caminhos sem você desertos de oásis ausentes
Ápices e gritos silenciosos de agonia peculiar
Ainda contemplo imagem tua como paisagem que salta aos olhos.
Como uma criança que anseia o leite materno avidamente a cada manhã
Com a força que de mim emana meus pensamentos evocam você a cada amanhecer
Como a escuridão do universo procura o brilho das estrelas para sentir a luz
Meus olhos buscam os seus.
Então percebo que na frieza deste mundo débil
Jaz meu coração outrora denominado feliz