Xm perdedor de vidas

Certo dia amanheci estranhx

E dessa estranheza me veio a tristeza,

Lembrei-me de uma rosa

Que estava jogada em uma feira.

Achei-a sem vida

As pétalas arrancadas

Coitada daquela rosa,

Era uma rosa machuca.

Lembrei-me um pouco mais adiante

De uma maçã que estava mais a frente dali,

Coitada da maçã,

Era a maçã que ninguém quis.

Perguntei ao feirante

O que houve com aquela maçã,

Ele me disse: "o povo é exigente,

Exige até de uma maçã".

Fiquei a pensar voltando dos meus devaneios,

Que lembranças estranhas eram aquelas

Das vidas que se perderam pelo meio.

Levantei-me da cama,

Olhei por entre a janela,

Vi uma árvore partida ao meio,

Foi o relâmpago que arrancou a vida dela.

Saí para o café da manhã

E na mesa sentadx lembrei de uma criança

que eu encontrava as vezes no domingo de manhã.

Era uma criança abandonada

os que eram do seu sangue

não o quiseram,

uma vez tomei coragem e perguntei ao pequeno,

Ele com lágrimas nos olhos me disse assim:

"Queria eu que os meus me aceitassem

mas preferiram se livrar de mim.

Chamam-me de vergonha,

Desgraça,

Mas o que posso fazer eu aqui?

Nasci dessa forma,

não escolhi ser assim."

Fui embora pensativx,

Mais uma vida se perdeu

As pessoas exigem demais,

Exigem até do que não é seu.

Ah, vida injusta, essa vida.

Seque as lágrimas dos viventes,

Aceite o que tem

Deixe cada um viver um pouco ao menos.

Uma rosa sem vida,

uma maçã abandonada,

um menino largado...

Me sinto assim,

Um perdedor de vidas

Queira que isso mude

Para que um brilho novo lhes devolva a vida.

Ass.: Marcelle Borges.

M em Poesias
Enviado por M em Poesias em 04/04/2017
Código do texto: T5960787
Classificação de conteúdo: seguro