Silêncio amargo
Eis que o silêncio predomina
quando deveria haver harmonia
e belas canções naturais;
a primavera sombria veio rasgada
nada de flores,
nada de cantos.
E o que dizer dos pássaros caídos,
trêmulos e exaustos;
a natureza foi sabotada,
o alimento nunca chegará aos seus destinos.
Como explicar a intervenção cruel
num ciclo repetidamente perfeito?
Mais uma manobra do capitalismo humano,
voraz e cego,
que solapa a base da vida animal
espalhando um mal químico
que corrói tudo ao seu alcance.
Dizia que era para se combater as pragas,
quando na verdade,
a grande praga está caminhando livre por aí,
desbotando o verde em nome de um egoísmo
que não cabe dentro do peito.
O chá das cinco começará mais tarde,
sem melodias ou aromas.
Será singelo e sem xícaras.