Silêncio amargo

Eis que o silêncio predomina

quando deveria haver harmonia

e belas canções naturais;

a primavera sombria veio rasgada

nada de flores,

nada de cantos.

E o que dizer dos pássaros caídos,

trêmulos e exaustos;

a natureza foi sabotada,

o alimento nunca chegará aos seus destinos.

Como explicar a intervenção cruel

num ciclo repetidamente perfeito?

Mais uma manobra do capitalismo humano,

voraz e cego,

que solapa a base da vida animal

espalhando um mal químico

que corrói tudo ao seu alcance.

Dizia que era para se combater as pragas,

quando na verdade,

a grande praga está caminhando livre por aí,

desbotando o verde em nome de um egoísmo

que não cabe dentro do peito.

O chá das cinco começará mais tarde,

sem melodias ou aromas.

Será singelo e sem xícaras.

Paulo Vestrucci
Enviado por Paulo Vestrucci em 26/03/2017
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