MENINOS PERDIDOS
E os meninos grandes
Eternos reis
Da pipa, do skate das pichações nos muros
Do coração desenhado da eterna namorada
Da solidão do eu
Da falta de ABRAÇO
Perdidos com seus gritos no escuro
Tentando abraçar uma ilusão
Tentando inventar um jeito de despistar o vazio
O caos
A guerra interior
E os meninos grandes
Perdidos
Inventam asas de papel para sair desse chão de cacos
Onde nas madrugadas silenciosas o despertador diz
Acorda, sua sina te chama
Trem lotado
Ônibus empilhados
E o peso nas costas é muito além do que se vê
Mas os meninos reis
Sonham com o céu
O seu céu
Sem limites
Que lhe cobrirão de ilusão o vazio
E a escada é a subida sem trilhos
Para o infinito
E os reis meninos
Desse mundo de desigualdade
O que o faz reis
São seu único e maior bem
Que é o vazio do ser sem LIMITE
E num dia frio
O menino que me era tão querido
Mergulhou no infinito
Numa partida sem volta
E as pipas continuam a voar no céu
E sua gargalhada continua a tocar meu coração
Saudade.
Glorinha Gaivota
(eterna saudade)