MENINOS PERDIDOS

E os meninos grandes

Eternos reis

Da pipa, do skate das pichações nos muros

Do coração desenhado da eterna namorada

Da solidão do eu

Da falta de ABRAÇO

Perdidos com seus gritos no escuro

Tentando abraçar uma ilusão

Tentando inventar um jeito de despistar o vazio

O caos

A guerra interior

E os meninos grandes

Perdidos

Inventam asas de papel para sair desse chão de cacos

Onde nas madrugadas silenciosas o despertador diz

Acorda, sua sina te chama

Trem lotado

Ônibus empilhados

E o peso nas costas é muito além do que se vê

Mas os meninos reis

Sonham com o céu

O seu céu

Sem limites

Que lhe cobrirão de ilusão o vazio

E a escada é a subida sem trilhos

Para o infinito

E os reis meninos

Desse mundo de desigualdade

O que o faz reis

São seu único e maior bem

Que é o vazio do ser sem LIMITE

E num dia frio

O menino que me era tão querido

Mergulhou no infinito

Numa partida sem volta

E as pipas continuam a voar no céu

E sua gargalhada continua a tocar meu coração

Saudade.

Glorinha Gaivota

(eterna saudade)

Glorinha Gaivota
Enviado por Glorinha Gaivota em 15/03/2017
Reeditado em 15/03/2017
Código do texto: T5942323
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