Naquele barco

Estávamos naquele barco

preparados para uma guerra que era nossa;

um frio úmido nos rompia a alma.

Mudos, observamos o branco

de uma neblina sólida

que nos ocultava de nós mesmos...

Estar ali era não estar;

os punhos já não erguiam as armas

e silenciados,

sorvíamos a tristeza de uma batalha cinza.

As bandeiras não eram mais azuis,

nem verdes, nem roxas.

Eram, talvez, pardas,

e os mortos nunca foram sepultados.

Paulo Vestrucci
Enviado por Paulo Vestrucci em 12/03/2017
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