Poesias por sorrisos
Estou com alguns versos secos
Sem sentido e sem calor
Sem brilho e sem volume
Não é meu costume fazer versos sem amor
Estou com frases feitas
Parecem cornetas que cantam agonia
Meu drama de perder a alegria
De fazer uma poesia perfeita
Estou com um poema cinza
Descolorido pelo tempo
Pelo vento e por esse clima cinzento
Que me deixa com preguiça de versar
Estou quase sem tinta
E isso muito me irrita
Quando olho tantos papéis livres
Quase um revide ao meu ódio
E a essa raiva que me limita
Estou sem inspiração
E essa é mais uma razão de estar assim
Pensando que estou no fim
De uma fonte de ideias promissora
Quase avassaladora quando queria encantar
Estou sem aquela sede de escrever
A que tanto me acompanhou
Que sempre me orientou
A traduzir pensamentos em prazer
Prazer em ler e compreender
Que esses poemas são o melhor que posso fazer
Mas eles cessaram
Por um instante se fechou
Ficaram todos escondidos
Acabou quando troquei por sorrisos
Frios e sem graça, mas ainda sorrisos
Que me puxaram pela fraqueza da vaidade
E agora com saudade lamento meu destino
De pensar que os versos seguiram um caminho
Que não pude acompanhar
Nem pude chorar
Pois o caminho inverso foi a incerteza
De pensar que minha tristeza era vulgar
Nem tão belo era meu jeito de pensar
Que tantos sorrisos me cegaram
E que por poesias se foram
Nem me esperaram
Dei a eles versos apaixonados
Dos mais puros sentimentos que tinha guardado
Para quando um único sorriso pudesse me possuir
E nele pudesse construir os mais belos versos de amor
Mas não foi assim
Meus versos tiveram um fim
E a tinta acabou
Minha poesia me deixou
Quando troquei meus versos por sorrisos sem valor