HÁ TANTA COISA QUE DÓI
A dor que me dói é tanta,
Que já nem a sinto,
Vai uma dor, chega outra,
Sempre a pressinto.
Não tem cura a minha dor,
Ela dói e é profunda,
Eu até já sei de cor,
Que a dor me chega muda.
Quero afastar-me da dor,
Mas ela não me deixa,
Acha-se um mal superior,
Que nunca se queixa.
A dor chega às vezes encarnada
Em alguém, disfarçado,
Com uma capa de capim,
Para se vingar com prazer de mim,
Pertenço a essa gente sofrida,
Que fugiu da guerra,
Da minha terra, então invadida,
Que ainda me espera.
Há tanta coisa que me dói,
Que já não sei qual a pior dor,
Se a que a minha alma rói,
Ou a que corta meu coração.
O homem é o meu pior inimigo,
É quem me provoca dores,
Enquanto meu cão é o meu amigo,
Com quem trocamos favores.
Ruy Serrano - 19.02.2017