refúgio

ouço os seus passos

pouco à pouco se aproxima

aos poucos tornan-se escassos,

entristece meu coração de menina,

quando penso vir ao meu encontro

fico trêmula, entorpecida,

mas não era dessa vez,

lá fora caiu a chuva,

mas por que é no meu leito que cai pingos?

pensei achar que as lágrimas tinham secado,

como vivo iludida,

meus olhos estão cheios delas.

silenciosas, furtivas,

não precisa ele saber

não dessa vez,

felizmente tenho um refúgio,

escondo-me lá

outra vez.

está escuro e ouço a sua respiração,

quero ouvi-la mais

pobre coração,

se contenta com tão pouco,

por alguém que já se deu como um todo

Os meus olhos estão pesados,

parecem cansados,

vou fecha-los um pouquinho,

talvez sonhe com seu carinho.

consegui.

Estou dormindo,

psiu!

Graça Noronha