Sofrimento

Quando você estava doente, prostrado em cima de uma cama, sua família não estava lá. As pessoas que mais amava não estavam ao teu lado. Você chorava, gritava e se desesperava sozinho, esquecido, jogado às traças, abandonado, com dor.

Mas, de repente, apareceu um “anjo” e passou o remédio nas tuas feridas. Deu-te conforto e carinho. Era alguém que jamais imaginava que pudesse fazer isso. Você estava vegetando, retorcendo de dor, transfigurado, moribundo. Às pessoas que mais amava no mundo, nunca chegaram.

Somente àquela boa alma te cuidou como se cuidasse de um filho. Até parecia que ela fez parte da tua vida, em vidas passadas. Sua dor era tanta que entrava em síncope, e, ao se recompor de cada desmaio, não acreditava que ela permanecia ali, ao teu lado, cuidando das tuas feridas.

Quando você estava com o bolso cheio de dinheiro, gastando nos botecos da vida, nas lanchonetes, nas danceterias e nas baladas, a tua mesa era repleta de amigos e amigas, e risos... Mas, quando perdeu tudo e caiu enfermo, esse pessoal sumiu. Mas, ela não! Ela te cuidou quando estava combalido, ferido e morria à míngua. Ela não teve nojo das tuas feridas! Ela não fazia parte do teu círculo de amizade.

Ela apareceu, casualmente, como se fosse um ser teleguiado por Deus, e te socorreu naquelas condições. Curou as tuas feridas e amenizou o teu sofrimento e a tua solidão; e foi-se embora quando você estava recuperado.