Castelos de gelo
Eram seis da manhã,
eu corria pelas ruas,
sem bússola ou mapa,
sob uma chuva torrencial,
meus pés sem destino,
o rumo turvo,
a visão embaçada,
a alma afogada,
o coração partido,
os sonhos em redemoinhos,
lágrimas misturadas às gotas,
grito preso na garganta,
todos os pensamentos girando na roleta...
Castelos de gelo derretendo no deserto,
copos de cristal lançados contra um muro,
cortes de um sobrevivente insolente,
deixando para trás sua jornada...
Era um dia cinza,
eu nada mais sabia,
as certezas destruídas,
punhos sangrando no espelho,
socos em fantasmas meus,
a dor lascinante,
a vida esvaindo-se,
o espírito aprisionado,
o ar sufocado,
os dentes rangendo forte,
fisionomia irreconhecível à luz,
salvação balançando na beira do abismo,
todos os infinitos transformados em incompletudes...
Castelos de gelo derretendo no deserto,
copos de cristal lançados contra um muro,
cortes de um sobrevivente insolente,
deixando para trás sua jornada...