O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
O vinho vagabundo desce pelo esôfago cicatrizado,
Se fosse resolver iria escrever toda a minha tristeza,
Iria ficar bêbado e iria neste exato momento a praia,
Quantas e quantas vezes eu fui à praia do nada por ir...
Hoje penso se você ainda pensa em mim, mas sou pó,
Pó que odeia a vida. Odeia existir e irrita a todos,
Não tenho uma cor, amava o vermelho, uso cinza,
Acordo assustado no meio da noite será como seria?
Seria um umbral úmido e fétido e cheio de carcaças,
Seria diferente o meu sentimento que sinto agora,
Visto a minha melhor roupa e transpareço estar feliz,
Afinal percebi que não tenho parceira nesse baile,
Danço quieto em meu canto e me equilibro na corda,
Então como nada resolvera, eu visto mascaras e sorrisos,
Maquiagem perfeita com o meu coração no escafandro.
Meus clientes riem de minhas piadas tão ensaiadas,
Falo de maconha, de peidos e tudo mais, menos de mim...
No amor me calo, pois sou tão cinza que até assusto,
Nenhum artista que fotografa poente ira me olhar...
Acordo pensando em bisturis, acidentes e voos... Voos,
Ainda tenho a garantia de ter meus filhos e um alguém...
Mas me sinto às vezes como essas mulheres das esquinas,
Direi coisas belas afinal sou gêmeo em sagitário, então...
Então eu não valho nada e sou o artista que esconde tudo,
Família? Eu vivi na família e não trago boas recordações,
Não falo o maldito inglês tão exigido para tudo e todos,
Mas ninguém quer saber a minha experiência do saber,
Macarrão com sardinha, barra forte vermelha e privada,
Nada tem haver, mas tudo tem um haver e este haver sangra...
Poderia citar nomes e maldiçoes... Maldita família católica,
Que vira a vida da gente como quem vira um jornaleco.
Tenho saudades e quero me reencontrar a todo estalo,
No meço o tempo em segundos, minutos, horas e anos,
Meço em estalos de dedos e nos beijos de um anjo...
Oceanos, estados de vida a tanta separação entre nós.
Não consigo somar cinco motivos para aqui sobreviver,
Quem eu amo demais partiu num navio sem voltas,
O romantismo esta apenas em mim então como viver?
Como não ter medo de ficar junto se tudo é racional,
Se o proibido é apontado em cada esquina e no sangue?
O beijo na face que eu cobro sempre que é o termômetro,
Mas o que ocorre quando não há mais beijo na face,
E o beijo a francesa deixou de ser sinônimo de amor?
Vinho tinto, sangue tinto, zonzeira alcoólica e pela dor...
Por que viver? Posso pedir quatro motivos e não senti-los,
Não consigo ver nenhum e meus pesadelos me coroem...
Vinho na taça, sangue nasal na pia e sangue anal da privada.
E o meu amor foi embora como anjo que leva uma oração,
Leva um Deus que nada faz e apenas brinca com a gente...
Como salvar o meu coração? Só vejo o cloreto chegar nele,
Numa parada rever tudo o que ocorreu e parado esquecer.
Três motivos para viver, mas não consigo vê-los no meu ponto,
Coloco-me na posição dos outros, mas me perco por ser menos,
E sem você a se mostrar eu perco mais um motivo para viver.
Não morrerei de Alzheimer, pois nada esqueço e tudo dói,
Posso morrer de Parkinson, pois tudo esta guardado no armário,
Choro pela falta de sensibilidade dos meus amores idos e vindos,
Morro pelo ultimo voo da borboleta e a fuga da gata negra,
Morro... Então porque não morrer de verdade e apenas ir?
André Zanarella 24-01-2017
Sem correção... Apenas escrevendo em totais idas e vindas da alma
PS = Mande um sinal de vida, nem que seja pela fumaça!