Noctívago despertar

Absteve-se de escorrer

Não firmou-se chaga insuportável.

Mas sopitou, latente

Sem permitir intervalo de suspiro.

Gritou em silêncio

Um grito mudo, surdo, oco

Que recordava, ininterrupto, sua existência

E bradava a permanência

Pífia e repugnada

Do devir inesperado.

Dissolveu com impassível serenidade

A solidez do consagrado

E da cômoda acinesia.

Inundou labirintos impermeáveis

Com morna água: geriu balneário.

E desfez a genuinidade

Do estar a sós dantes institucionalizado.

Fecundou fantasmas

Que, em repouso e vigília em berço pétreo

Devoraram-se a si mesmos.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 07/01/2017
Código do texto: T5874452
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