Colecionador

Gotas de suor numa noite quente,

esse calor que reacende minhas memórias,

que me fazem rolar na cama em agonia,

de sentimentos que já deveriam estar sepultados,

dores que enterro todos os dias sob um falso sorriso,

olhar que se esconde no cinza de uma nuvem sem chuva,

suspirando no barulho de uma avenida de indiferença,

sou apenas mais uma formiga num labirinto de aço e concreto...

Pingos de uma tempestade não anunciada,

essas revoltas climáticas insurgindo minhas angústias internas,

que me fazem dedilhar fados tristes ao violão,

na solidão de mais um dia esquecido por quem jamais voltará,

sonhos que se esvaíram nas tormentas do destino,

perdas de uma alma já acostumada à longas derrotas,

ouvindo os lamentos da sonoridade das cordas à chorar,

sou apenas mais um violonista sem palco num quarto escuro...

Lagrimas de uma saudade que cobra seu preço à minha existência,

esse gosto salgado de uma intensa maresia de súplicas,

que me fazem quebrar minhas promessas de não mais pensar,

na guarda de um passado que só é real em minha insanidade,

fotografias recortadas numa caixa trancada no fundo do baú,

voltas na beira de um abismo sem remédios controlados,

delirando em poesias destoantes de madrugadas errantes,

sou apenas mais um colecionador de ausências num mundo louco...