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Há coisas que nos estão destinadas, e por isso não conseguimos nunca, retirar de dentro de nós. Ficam adormecidas!
Embora minha caminhada prenda-se naquilo que nunca mais há de chegar, naquilo que não mais posso procurar, digo-lhe que vou esqueçê-lo todos os dias de minha vida, e que se um dia você chegar, não mais lhe enxergarei!
E talvéz por isso, hoje eu saiba, que nunca o procurei de fato; e que por fim acabei por não te encontrar.
Formam-se geadas dentro de mim, dentro da pele.
Minha cura perdura na tua distância, mas o meu corpo, este que conheces tão bem, já não mais me responde. Obedece somente a ele próprio. Precipita-se para todos os lados, deparando-se com inúmeros disfarces pela rua, num dia estranho, onde ninguém é o que costuma ser, e onde a tua imagem tende a diluir-se, porque irei esquecer-te!
Tenho em mim o peso do teu corpo, e isso ninguém pode apagar. Lembro nossos corpos se tocando de uma maneira que nem eu sei descrever.
Então me pergunto, de que me valem as palavras? De que me vale o número de dias se partiste pra bem longe de mim?
Não sei mais se irei lhe desenhar nas entrelinhas, mas sei que hoje minhas palavras se apagam na garganta, e os meus pensamentos fluem no epicentro do teu rosto que se despede de mim.
Não há mais voz, nem beijos, não há mais qualquer perfume ou sabor de pele que me recorde de ti.
Hoje, é apenas mais um dia a seguir o ontem. Amanhã, será um novo dia igual a tantos outros, repleto de insônia e de cansaço.
Vou lhe esquecer, custe o que custar! Vou me lembrar de como eras, de como o teu abraço se assemelhava a um abrigo eterno, onde eu me escondia.
Hoje, minha face está cansada e o sangue escorre-me como torrente em suplício, me queimando os olhos. Tenho ainda, tua imagem aqui comigo, a tua incandescência, ladeada pelos tons escuros de teu rosto.
Deixa-me dizer-te o quanto vou sentir-lhe a falta por dentro da pele, a preencher-me os espaços vazios que a tua partida inevitavelmente criou em mim.
Deixa-me dizer, que vou lhe esquecer, todos os dias de minha vida!