Não sentir
A vontade que paira em mim
É mesma do caçador
Que sonha com o marfim
Ignorando se causa dor.
Obscura, solene e torpe.
Egoísta, desvirtuosa, latente.
Com mansidão corrompe
O espírito despreparado e inocente.
Queria eu sentir o nada
Acariciando-me o rosto,
Com belas mãos de fada
Afastando de mim todo o desgosto.
Não sentir é meu maior desejo,
Esquecer o peso, neste caminho,
De toda negatividade que não almejo
E que, sem saída, carrego sozinho.