Noite
Uma voz distante,
um sussurro ao vento,
de uma dama errante,
envolta em meu lamento...
Procuro por ti à cada noite,
deixando arder suas memórias em mim,
esperando do destino alguma sorte,
nessa desilusão de uma perda sem fim...
Um aceno bem longe,
uma esperança esmaecida,
legando-me a reclusão de um monge,
esquecido numa dor já tão absorvida...
Procuro por ti à cada noite,
suplicando um sinal que me faça crer,
aguardando a quem faz do silêncio um açoite,
nesse abandono de um infinito sofrer...
Um rabisco no papel,
escrevendo uma poesia no desencanto,
de um parque vazio com um triste carrossel,
tolhido num renegado momento...
Procuro por ti à cada noite,
lacrimejando nos minutos de um relógio,
querendo segurar o tempo num pernoite,
sabendo que jamais voltarás de teu refúgio...